Alguém já ouviu falar de um mochilão sem perrengues? Também não escapamos dessa. O problema já começou quando soubemos que teríamos que nos separar, pois o passaporte do Tomás ainda não havia chegado e ele teria que permanecer mais um dia em Bariloche. Com isso, pegamos - eu e o Johnis - o ônibus das 8h para Puerto Montt. Mas esta nem foi a pior parte, que será comentada mais a frente.
A viagem para a cidade chilena é relativamente tranquila, fora as duas paradas que tem que fazer na fronteira (não nos perguntem o motivo de ser duas), o ônibus vai direto. Nos sentimos em uma excursão de terceira idade, porque fora nós dois havia uma maioria esmagadora de jovens com mais de 70 anos. Por sorte nossa muamba não foi pega em nenhuma das duas paradas e assim não tivemos problema algum, tudo isso graças ao labrador folgado que fazia pouco caso de seu trabalho de cheirar as malas.
Chegamos em Puerto Montt por volta das 15h, morrendo de fome, sem reserva em hostel e sem um mísero peso - argentino ou chileno - na carteira. Nossa esperança estava nos 7 reais que tínhamos somando os dois e o dinheiro que havia no cartão. O problema era como iríamos resgatar essa grana. O banco já estava fechado desde as 14h, e os caixas eletrônicos insistiam em cuspir nossos cartões de volta sem entenderem muito bem que precisávamos de dinheiro. Quando já procurávamos por um bom banquinho de praça para passar a noite nessa cidade feia e pouco receptiva conseguimos, enfim, sacar dinheiro e ir direto para um restaurante bater uma boa carne, pois nossos estômagos já estavam sendo corroídos.
Após o susto e de barrigas cheias, pegamos uma van que nos levou até Puerto Varas, cidade que fica a uns 20km de distância, bem mais bonita e simpática. Como ainda não tínhamos hostel começamos a busca, tendo a sorte de encontrar um dos que já havíamos pesquisado graças à uma boa ajuda vinda de Blumenau. O nome da hospedagem é Ruca Hostel, bem pequena, porém aconchegante e com um atendimento excepcional. O dono - Jorge Patricio León López - nos recebeu super bem e deu dicas do que fazer na cidade. Coloquei o nome completo do indivíduo porque vale à pena uma busca no Google e Facebook de seu nome, o cara é famoso! É simplesmente o primeiro latino-americano a ir para o espaço, acreditem. Além disso, o cara é super gente fina, muito receptivo e um completo maluco, no bom sentido. Nossa estadia de apenas um dia em seu hostel rendeu muitas risadas e ficou aquele gostinho de quero mais.
Após uma volta pela cidade para conhecê-la (é muito bonita, com um lago que a cerca e um vulcão ao fundo) voltamos ao hostel e tivemos a feliz surpresa de receber um e-mail do Tomás dizendo que chegaria no mesmo dia, pela noite. Ufa, um problema a menos! Não demorou muito para que nosso amigo chegasse e o grupo voltasse a ficar completo. Jorge nos perguntou se não queríamos ir a uma festa na cidade, dizendo que o local era excelente, que naquele dia iria bombar e que conseguia nos colocar pra dentro na faixa. Por que não?
Fomos, mas só eu e o Tomás. Johnis preferiu dar uma descansada e dormir mais cedo, mas garanto que se arrependeu! Na festa pudemos notar a popularidade de nosso amigo famoso, todos que passavam por ele o cumprimentavam e vinham trocar uma ideia. Ele nos apresentou para muita gente como sendo amigos do Brasil e assim conseguimos nos sentir bem à vontade na festa, que realmente estava bem cheia e animada. O cara é uma figura, com seus 34 anos é amigo de todo mundo na cidade e dança muito animadão na balada, foram imperdíveis as cenas! Depois da festa ainda rolou um afterhour, nome que eles dão para encontros pós-baladas na casa de alguém. Como estávamos com a pessoa mais popular da cidade não foi difícil nos juntarmos com um grupo e experimentar um pisco - bebida tradicional do Chile, semelhante a uma cachaça, que se toma misturada pura ou com coca, daí o nome "piscola". A galera nos recebeu muito bem, todos conversavam com a gente e inclusive um deles vai fazer um mochilão para a Bolívia no fim do mês, caso as datas coincidam combinamos de nos juntarmos por alguns dias.
O dia seguinte combinamos de ir cedo ao vulcão Osorno e Saltos Petrohue. O guia? Claro, nosso amigo dono do hostel, que levou mais uma pessoa para o auxiliar pilotando o carro. Não é um passeio dos mais baratos, mas o preço que eles nos cobrou foi realmente de amigo, muito inferior aos que pesquisamos em agências de turismo. Na verdade o que notamos é que ele não está interessado somente no dinheiro, mas também em divertir seus hóspedes e com isso ele se diverte - e muito!
Os Saltos de Petrohue são muito bonitos, a água é verde clara e extremamente límpida. Porém, admito que me decepcionei um pouco com o lugar, pois esperava avistar por lá cachoeiras grandes ou coisas diferentes, mas na verdade não passa de um rio com a água maravilhosa e algumas pequenas cachoeirinhas (bem pequenas mesmo). Além disso o que é muito comum no lugar são os mosquitos mutantes, de tamanhos absurdos.
A melhor parte do passeio estava guardada para o final, quando finalmente subimos o vulcão Osorno até onde era possível ir de carro. A vista de lá é sensacional, pode-se ver a cidade de Puerto varas e boa parte da Cordilheira dos Andes. Mas ainda faltava a parte mais importante, pelo menos para mim, que era chegar na parte nevada do vulcão. Para isso foi necessário mais uma meia hora de caminhada, que na altitude, no frio, e sendo apenas subida, cansa como se fosse muito mais. Porém todo o esforço é válido, a neve é bem branquinha e muito bonita, além de chegar bem próximo da cratera do vulcão. Uma caminhada cansativa que vale muito o esforço! A única parte chata do trajeto é a subida e descida ao vulcão de carro, pois a estrada possui muitas curvas que causam enjôos.
Não podendo se alongar muito mais no passeio, voltamos para a cidade pois nosso ônibus saía às 17h25. Foi certinho o tempo de chegar na rodoviária e se despedir de nossos novos amigos - Jorge León e Gonzalo - para pegar o ônibus rumo a Pucón. A viagem durou cerca de 6 horas e não temos muito o que falar a respeito dela, pois cada um tomou um Dramin e dormiu que nem pedra o percurso inteiro.
Chegamos em Pucón e já estava bem tarde, e como não tínhamos reserva em nenhum hostel, nem internet para pegar o endereço dos mesmos, topamos a proposta de uma senhora chata pra cacete que tinha um albergue e estava na rodoviária procurando por novos hóspedes. O hostel é bem simples, nem café-da-manhã eles servem, mas pelo menos é bem barato e não precisamos ficar procurando por outro durante a noite, em uma cidade totalmente desconhecida.
Hoje acordamos bem tarde, tiramos o dia para descansar. Daqui a pouco estamos saindo para fechar numa agência os passeios de rafting e escalada no vulcão Osorno. Um faremos amanhã e o outro no dia seguinte.
A postagem demorou porque, como pode ser notado, nossos últimos dois dias foram de extrema correria, pegando ônibus num curto intervalo de tempo e parando pouco tempo para descansar. Demorou, mas veio, espero que tenham achado interessante e gostado das fotos!
4 comentários:
Que bom que vocês estão juntos de novo. Até que a separação foi curta! O saldo entre perrengues e surpresas agradáveis, visto daqui de longe, até que parece positivo. Boas aventuras, rapazes: que não vente muito no alto do vulcão, e que as águas dos rios estejam quentinhas.. hihi.
Já dei a dica ao Tomás: talvez valha a pena esticarem um pouco a estadia em Pucón em detrimento de Santiago.
Peter
lindoooos
muito bom o blog, to acompanhando direto
Dale!
Agora que já passaram pelo famigerado rito do 'perrengue', que qualquer aventura propicia é a hora para o 'curtidômetro' atingir graus inatingíveis de prazer e emoção!
Hasta la vista muchachos!
Luz, Sorte, Saúde, Paz e Alegrias Infinitas!
Mahalo
Que lugar lindo!
Muito interessante!
Gostei bastante!
Follow trip!
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