30 de janeiro de 2011

Cusco

Fala galera. Estamos aqui no aeroporto da cidade de Cusco, 7h45 da manhã, e esperando pelo nosso vôo para Lima. Depois de aproximadamente 5000km de ônibus, nosso final de viagem ganhou um avião, que está sendo tratado por todos como algo espetacular, pelo cansaço que já tomou conta de nós faz tempo.

Detalhes à parte, estamos deixando uma cidade que agradou e muito a todos, a capital histórica do Peru, Cusco! Suas construções antigas e sua arquitetura colonial fazem dela um local muito agradável. Somado a isso está nosso hostel, muito bom, e pertinho da Plaza de Armas, onde a vida de Cusco acontece.





Nossa estadia na cidade foi bem tranqüila, chegamos no primeiro dia (26/01) às 5h30 da manhã e fomos direto ao hostel. Ficamos no Pariwana (se alguém planeja vir a Cusco, 100% recomendável), e após um check-in tranqüilo, fomos dormir, pois a noite anterior havia sido cansativa devido à longa viagem de Copacabana com parada em Puno. Ficamos no hostel mesmo pela tarde, com direito a churrasco (que cá entre nós, valeu mais pelas pessoas que conhecemos do que pelo churrasco propriamente dito), ping-pong e campeonato de ping-pong entre hóspedes do hostel e alguns membros da staff; campeonato este que teve como campeão incontestável... eu mesmo. Vitórias tranqüilas na primeira rodada e na final, e uma vitória suada contra o Matheos na semi. O prêmio foi uma garrafa de vinho, e como eu odeio vinho, quem ganhou o prêmio na prática foi o Tomás. Fazer o que, fiz minha boa ação do dia.





Mais para o final da tarde fomos à Plaza de Armas e de cara vimos como era bonita. Fechamos o Valle Sagrado e voltamos ao hostel, parando antes no mercado para comprar nossa janta. Comemos e ficamos algumas horas conversando com uns caras de SP que estavam no mesmo quarto. Combinamos de sair, mas eu estava mal (aquela mesma doença ainda; agora estou melhor, ainda bem, mas a tosse não passou) e fiquei no hostel. Fui dormir cedo devido ao meu estado de saúde, e valeu à pena. Acordei quase meio-dia e me sentindo mais disposto, mesmo com a maldita tosse enchendo o saco. Ficamos pelo hostel no começo da tarde, e depois descobrimos com um dos paulistas que havia uma empresa de turismo que fazia Machu Picchu por um preço muito bom. Não tivemos dúvida, fomos com ele até lá e fechamos o passeio por um preço bastante inferior ao que havíamos visto previamente; pronto, uma das sete maravilhas do mundo estava agendada, e dentro de dois dias a conheceríamos!



No começo da noite eu e o Tomás voltamos à Plaza de Armas para contemplar sua beleza sem a luz do dia, e não nos arrependemos. Havia uma fonte iluminada e a catedral ao fundo, tudo muito lindo. Tiramos algumas fotos, e depois voltamos à primeira agência (a do Valle Sagrado) para cancelar o passeio, já que nosso tour para MP incluía o Valle Sagrado no primeiro dos dois dias. Após uma discussão nada agradável com a mulher, conseguimos somente metade do nosso dinheiro de volta; não dá mesmo pra confiar nesse tipo de gente.



Voltamos ao hostel, fizemos nossa comida, e fomos para a cama cedo. O dia seguinte começaria às 8 da manhã, com o passeio ao Valle Sagrado dos Incas. Pernoitaríamos em Aguascalientes e no outro dia ainda de madrugada subiríamos Machu Picchu. A ansiedade estava grande! Isso, porém, fica para outro post, produzido pelo Matheos.
Essa foi minha última participação no post, e espero que tenham gostado. Curti muito poder relatar nossa viagem aqui, e espero que outras venham. Agradeço a todos que acompanharam, e que além de agradável, possa ter sido útil para quem tenha interesse em visitar essa região.

Grande abraço aos amigos que nos acompanharam virtualmente,

João.

27 de janeiro de 2011

Copacabana

Chegamos na cidade por volta das 15h e deixamos nossos pertences no Hotel Utama logo após um almoço composto de peixes do Lago Titicaca. As trutas são muito boas, e vale à pena conferir este atrativo culinário da cidade.

O lugar, apesar de simpático e com uma bonita vista do Lago Titicaca, conta com uma estrutura bastante precária para receber turistas, e pudemos notar isso quando precisamos sacar dinheiro e havia apenas um caixa eletrônico que aceitava cartão Visa na cidade; e estava quebrado. Começamos a ficar sem saber o que fazer, pois chegamos com dinheiro mas não o suficiente para sustentar os três até o fim do dia seguinte na Bolívia. Foi quando o Tomás - grande Tomás! - encontrou R$100,00 em sua carteira, e foi a troca deste dinheiro (num câmbio muito desfavorável) que nos livrou de passar por mais um perrengue na viagem.


Compramos nossos tickets para o passeio da Ilha do Sol que sairia no dia seguinte logo cedo. Já deixamos compradas também as passagens para Cusco, nossa última viagem de ônibus deste mochilão!

Acordamos umas 7h no dia seguinte, tomamos um excelente desayuno - o melhor oferecido até então - e pegamos o barco para a Ilha do Sol. O passeio é bastante bonito e dura umas 2 horas. A primeira parada é feita no lado norte da ilha, onde há uma trilha que leva a um sítio arqueológico semelhante ao que se encontra em Machu Picchu, claro, guardando as devidas proporções. Não fizemos este passeio porque precisaríamos pagar mais 20 bolivianos por pessoa, e como nosso dinheiro estava contado isso não foi possível. Ficamos apenas andando pela ilha apreciando a bela paisagem do lago e fomos até uma espécie praia onda haviam muitas barracas de acampamento.





A parada seguinte foi no lado sul da ilha, onde por 5 bolivianos podia subir um morro que possuía boa visão para fotos e nada mais. Fui só eu, e os outros não perderam muita coisa.



Novamente ao barco, apenas mais uma breve parada nas casas flutuantes, para mim a parte mais interessante e diferente do passeio.





Às 17h30 em ponto o barco atracou em Copacabana e foi o tempo suficiente para fazermos uma refeição e tomarmos o ônibus das 18h30. Chegamos em Cusco muito cedo, por volta das 5h da manhã, e ainda deu tempo de nos divertirmos com dois taxistas brigando por preços para definir quem nos levava ao hostel. No fim, melhor para nós, que conseguimos diminuir a oferta de 15 para apenas 5 soles.

No momento estamos no Hostel Pariwana, o qual estamos muito satisfeitos. A estrutura é excelente, além do atendimento e atividades que eles oferecem. O banheiro também merece ser citado, que além de muito limpo possui um banho excelente.

Mais detalhes e novidades da cidade de Cusco numa próxima postagem!

26 de janeiro de 2011

Down Hill

As postagens ultimamente têm se tornado cada vez mais escassas pelo fato de na Bolívia não haver tanta disponibilidade de internet como nos outros países que estivemos anteriormente. No momento acabamos de chegar no Peru, e estamos na sala de computador do hostel esperando dar 13h para podemos fazer o check-in. A viagem de Copacabana para cá levou cerca de 11 horas e foi relativamente tranquila, mesmo com um ônibus desconfortável que foi a maior parte do tempo com a luz acesa, dificultando o sono de todos.

Continuando de onde o Johnis parou - o Down Hill em La Paz - como ele mesmo já havia comentado por alto foi sensacional. Infelizmente fomos só eu e o Tomás porque ele ficou doente justo nesse dia, mas pelo menos pode acompanhar nossa aventura pelas fotos e filmagens feitas. Ainda na van que nos levava ao topo da montanha fizemos amizade com dois argentinos, os quais foram nossos parceiros na descida até quase o final do passeio. Digo quase até o final porque um deles sofreu uma queda já nos quilômetros finais, quebrou a clavícula e foi levado, junto com seu amigo, até um hospital mais próximo. Fora o incidente o passeio foi demais, foram 63 quilômetros de descida com variados tipos de paisagem. No início, além da montanha nevada, começou a chover, o que numa altitude de 4700m significa neve! Descer o topo da montanha enquanto nevava foi uma sensação única, e só não foi perfeita porque nos minutos finais não aguentei o frio (não fui muito preparado pois não sabia que iria nevar) e pedi para entrar no carro - minhas mãos estavam congeladas!






Após este trecho entramos todos no carro e andamos mais um pouco. Paramos em um local que já não fazia muito frio, mas em compensação as paisagens eram desafiadoras. Adrenalina a todo momento na descida, pois passávamos com a bike a poucos metros de um barranco enorme. Não à toa a estrada é chamada de "estrada de la muerte", e a todo momento passávamos por locais que já haviam morrido pessoas caindo no desfiladeiro (a última foi uma menina israelense, que há menos de um ano fazia um passeio como o nosso e não conseguiu enxergar o barranco devido à neblina).











Terminamos o passeio a apenas 1300m acima do nível do mar, num hotel que oferecia boa comida, piscina e redes para relaxar. Como o cansaço era grande tiramos uma sonequinha enquanto esperávamos a van que tinha levado o argentino enfermo para o hospital. Na volta dormimos mais um pouco na van (3 horas de estrada, pelo meio dos Andes) e chegamos no hotel onde encontramos um Johnis já bem melhor do que no dia anterior.

No dia seguinte acordamos por volta das 8h30 e demos uma passada na Fair Play (loja de calçados e artigos esportivos), onde foi possível fazer compras por um preço fora da realidade brasileira. Depois disso tomamos um táxi até o cemitério, que é de onde saem os ônibus para Copacabana. A viagem curta, de apenas 3 horas, foi relativamente tranquila, mesmo com um ônibus bastante precário. Nossas vivências na cidade que beira o lago Titicaca - o mais alto do mundo - serão relatadas num próximo post.

Até mais!

23 de janeiro de 2011

Em paz em La Paz

E ai galera. Após um post em conjunto do Matheos e do Tomás da nossa aventura pelo deserto chileno e altiplano boliviano, farei agora um post da capital boliviana, a bela cidade de La Paz. De imediato nós tres concordamos que a cidade é muito legal, e muito diferente de tudo que já vimos antes. Imaginem uma grande metrópole encravada no meio dos andes... pois é, essa é La Paz. Transito caótico, milhares de pessoas na ruas, milhares de barracas de vendas, e um ar rarefeito. Mesmo com tudo isso, a cidade é muito interessante, principalmente para vivermos a cultura local mesmo, sem atrações turísticas e lugares mascarados; aqui vivemos a vida boliviana mesmo.




Chegamos aqui no dia 20 pela manhã, e a primeira coisa que fizemos após o check-in no hotel foi irmos a um restaurante muito bom, onde comemos muito, com direito à sobremesa e suco, por apenas 15 reais! Descobrimos que comer na Bolívia é o paraíso, e depois disso, foram 3 dias comendo do bom e do melhor, por um preço muito baixo.




Nosso primeiro dia foi dando uma passeada pelo centro, com a inédita companhia do nosso grande brother João Pedro, que chegou sem avisar (ele tinha dito que chegaria no dia seguinte) e se juntou a nós na nossa caminhada pelo centro da cidade. De noite, um jantar top novamente, por um preço baratinho! Depois de uma viagem inteira comendo mais ou menos, encontramos o paraíso culinário.

O dia seguinte foi a ida até a famosa montanha Chacaltaya, nos arredores de La Paz. Com seus mais de 5000m de altitude, a montanha é um mirante para a região, mas claro tem seu preço... uma subida pra lá de ferrada, e a quase morte dos réles mortais do nível do mar. Pensem num cansaço absurdo e uma tremenda falta de ar, foi mais ou menos isso. Enquanto o Tomás disparou, eu, Matheos e João Pedro ficamos pra trás, e para cada 10 minutos de caminhada, 20 de pausa. E a cada pausa vinha a alegria, pois ficávamos conversando e rindo muito; sempre bom quando amigos do ensino médio se juntam e ficam relembrando o passado. O topo de Chacaltaya era bastante frio e tinha uma bela vista. Tirei uma foto com a camisa do Corinthians no topo do mundo, e quase perdi minha mochila, salva por um são-paulino de Ribeirão Preto que estava no mesmo tour que nós.




Voltamos a La Paz fim da tarde e fomos ao Valle de la Luna (só eu e o JP, o Matheos e o Tomás voltaram pro hotel), um lugar bem interessante e com formações rochosas malucas.O que mais me chamou a atenção porém, foi a região ao redor do Valle. La Paz é muito pobre, e a cidade se parece com um favelão. Tudo é igual, casas mal acabadas, pequenas e de tijolo sem pintura. A região sul (onde fica o Valle de la Luna) é bem afastada do centro, e é muito, mas muito rica. Somente mansões enormes, resorts e campos de golf. Triste ver tanta desigualdade, mas fazer o que, é o mundo em que vivemos.





À noite saímos eu e o JP para comer numa churrascaria, muito boa! Comemos muito e tudo de altíssima qualidade, pelo valor de 21 reais cada, incluindo bebida e buffet de saladas. Voltamos pro hotel, jogamos uma partidinha de Ianov e fomos dormir.

O dia seguinte começou mal pra mim, estava me sentindo fraco em pleno aniversário. Acordamos super cedo para fazermos o downhill de bike, e pra nossa surpresa haviam cancelado o passeio. Acordamos às 6h30 por nada. Voltamos pro hotel e ficamos enrolando até a hora do almoço, quando fomos ao Burguer King. Maravilha pegar o sanduíche grande, com batata grande e coca grande por R$8.50. Tá, já encheu o saco eu ressaltar tanto os valores baixos da comida na Bolívia, prometo que será a última vez.

Fomos até a praça principal de La Paz e sede do governo, e estava havendo uma enorme celebração em homenagem ao primeiro aniversário de alguma coisa importante para eles, e o Evo Moralez estava fazendo um discurso. Ficamos lá por uns 20 minutos e depois fomos até um parque afastado de onde estávamos. Chegamos e fomos jogar Pebolim, pagamos 1 boliviano pra um menino de uns 10 anos muito engraçado. Jogamos umas 5 partidas e o moleque figura ali perto da gente sempre, inclusive tirando uma foto nossa, provavelmente a primeira que tirou na vida.





Depois demos uma andada por uma ponte, e avistamos vários campos de futebol e a galera jogando; eu e o Matheos não tivemos dúvida, a fome de bola falava mais alto após quase 30 dias sem jogar um futebolzinho. Fomos até um dos campos e sentamos pra assistir a partida rezando para que nos convidassem para jogar. O mais habilidoso dos que estavam jogando notou que assistíamos e a cada jogada olhava para ter certeza que vimos. Quando fazia um gol então, olhava escancaradamente cheio de orgulho. Após um tempo o Tomás perguntou se podíamos jogar e ele explicou que a quadra era paga e ele não era o organizador; desistimos. Voltamos para o hotel e eu comecei a me sentir muito mal, com uma baita dor de cabeça, resfriado e dor de garganta. Era quase 22h e eu fui dormir, enquanto os outros saíram para comer, e eu nem pra isso tinha forças. Só lembro deles voltando da janta, eu acordando zumbi e ganhando um pedaço de bolo de aniversário. Agradeci meio sem entender o que estava acontecendo, já que eu tava 90% dormindo e 10% acordado, e capotei novamente.




Hoje o Matheos e o Tomás foram fazer o downhill, e eu fiquei no hotel, pois estava um pouco mal ainda. Passei o dia inteiro trancado no quarto, dormindo, usando o computador e comendo o bolo. Foi um tédio total. Conversei com algumas pessoas, e isso salvou o dia. O JP voltou pra Santa Cruz de la Sierra, e amanhã (eu acho) voltará ao Brasil; apesar de tantas coisas frustradas, valeu a companhia do nosso grande parceiro.

Os dois voltaram do Downhill há pouco tempo, e estamos decidindo onde iremos jantar. O mais provável será uma pizza entregue, mas vamos ver. Um dos dois fará um post completo do Downhill, pois falaram muito bem dele.

Grande abraço a todos.

Três dias no deserto

Após um grande intervalo sem postagens vamos atualizar o blog, que esteve abandonado nesses últimos dias devido ao passeio pelos altiplanos bolivianos e Salar de Uyuni – locais que não têm acesso à internet. Como o tempo sem postagens foi grande demais e todos tinham muito o que falar, fizemos uma postagem conjunta, a qual trata dos últimos quatro dias com o máximo de detalhes e, claro, muitas fotos!

Para começar gostaríamos de nos contradizer em relação ao post "perrengue". Tudo o que foi ali comentado não chega nem perto de alguns verdadeiros perrengues que passamos nesses últimos dias. Agora sim sabemos o real significado dessa palavrinha. Tudo começou já na manhã do dia 17, quando acordamos bem cedo, fizemos um lanche rápido e solicitamos o serviço de translado do hostel para que nos levassem até a agência de onde sairia o passeio. Neste momento quem estava acordada era a esposa de Roberto (dono do hostel), e ela pegou o telefone da agência e nos garantiu que não precisariam nos levar até lá porque a agência nos buscaria no próprio hostel. O problema é que não havíamos comunicado à agência em que lugar estávamos hospedados, portanto só nos restou a opção que a mulher havia falado isso para eles. Como o tempo foi ficando curto e não chegava nenhuma van perguntamos para a moça com quem ela havia falado, e para nossa surpresa disse que com ninguém, mas que era garantido esse serviço. Bom, se dependêssemos dela teríamos perdido R$250,00 cada um, mas quando vimos o problema que nos esperava fomos correndo até o local, logo pela manhã, sonados e com o peso das mochilas. Além deste problema, precisaríamos passar em algum lugar para comprar água, pois a nossa que estava na geladeira desde o dia anterior foi roubada por algum outro hóspede do hostel e ficamos sem. Conseguimos comprar água, mas quase perdermos o ônibus que nos levaria até a fronteira do Chile com a Bolívia.

Fronteira:

Depois da polícia boliviana carimbar nossos passaportes, fomos encaminhados para o carro do guia Marco, onde passaríamos nossos próximos três dias. Além de nós e do guia boliviano, este com 1,60m sendo 10cm de topete, havia mais um irlandês gente boa que trabalhava voluntariamente no Peru e duas francesas frescas. Outra característica do guia era sua risada irônica que, apesar de divertida, parecia meio sacana.

A primeira parada ocorreu logo após a fronteira para tomarmos o desayuno de frente para uma vista composta de uma lagoa verde, vulcões e flamingos.


Tudo muito lindo, até recebermos a notícia de que teríamos que pagar os não planejados 150 bolivianos (R$35) para a entrada no parque Eduardo Avaroa e mais uns bolivianos extras para banhos quentes e para entrar na Ilha do Pescado. Como tínhamos apenas 270bs no total, tivemos que fazer um empréstimo com o irlandês Kevin, que por sorte tinha uma grana extra.

Seguindo nosso caminho pelo meio do deserto paramos para ver os Geisers e também fizemos uma parada num poço de águas térmicas, onde fomos cozidos al dente. Depois passamos por mais algumas lagoas cujos nomes envolviam variadas cores, porém todas elas eram bastante similares até chegarmos à grande lagoa colorada que tinha uma pigmentação extremamente avermelhada e super povoada por flamingos. Além disso, era possível avistar pelo caminho muitas alpacas, as quais proporcionaram cenas típicas de National Geographic.









Na primeira noite ficamos hospedados bem próximo desta lagoa, e apesar dos boatos sobre a comida de pedreiro, o rango impressionou e ficamos bem satisfeitos. As camas também não eram tão ruins como imaginávamos. O problema foi que não havia uma gota d água nas pias, no chuveiro ou nos vasos. Com o final da tarde livre, aproveitamos para aprender um jogo de cartas muito bom (Ianov) com o irlandês, enquanto o Matheos tentava combater os efeitos da altitude unidos uma gripe e saudades de sua cama. O jantar também não foi nada mal e por que não mais algumas partidas de Ianov para passar o tempo? Mais tarde, o Tomás ainda saiu na noite congelante para arriscar tirar fotos de um dos céus mais bonitos do planeta.



No dia seguinte saímos as 7h30 rumo às próximas atrações: Arbol de Piedra e a Lagoa Branca, onde o Tomás e o Matheos tiveram a brilhante idéia de chegar perto dos flamingos até notarem que estavam no meio de uma espécie de argila movediça, que deixou seus sapatos alguns quilos mais pesados.



Laguna Blanca




Paramos ainda em uma lagoa espelhada, que duplicava o efeito das belíssimas montanhas formando uma paisagem alucinante.




Trecho do caminho


Fizemos também uma parada na Floresta de Pedras, lugar muito exótico onde algumas pedras realmente pareciam esculturas de árvores.



Depois passamos por um vale que possuía um gramado semelhante a um campo de golfe, onde centenas de lhamas, alpacas e algumas ovelhas pastavam. Nada mais merecido do que o nome “Paraíso das lhamas”. Tiramos algumas fotos e seguimos nosso caminho para um vilarejo próximo. No caminho haviam muitas plantações de quínua e algumas casas de pedra que pareciam ter sido construídas há dois mil anos atrás.





Após a breve parada seguimos nossa corrida até o hotel de sal, onde pousaríamos em nossa segunda noite. Era necessário chegar cedo porque o hotel é bastante concorrido, e pela nossa previsão chegaríamos em boa hora.

Foi então que por volta das 15h, quando atravessávamos uma espécie de salar meio enlamado e escorregadio a 4x4 perdeu o controle e atolou.



Estávamos sem sinal de celular e a cerca de 5km da vila mais próxima, onde talvez conseguiríamos um carro para nos ajudar. Fomos então os três, junto com o motorista, andando até lá, enquanto Kevin foi obrigado a ficar com as francesas que não queriam ficar sozinhas de jeito nenhum, muito menos ir até a vila andando.

Quando o motorista e o Tomás chegaram à vila, que era mais como uma cidade fantasma, logo avistaram o único carro que havia na região. Porém nossas esperanças fraquejaram quando soubemos que o carro estava quebrado. Nossa melhor opção foi pegar um carrinho de mão capenga emprestado para levar pedras e umas tábuas até o jipe.

O sol já estava se pondo e os nossos pensamentos já estavam focados em como dormiríamos no meio daquele deserto. Depois de colocar as pedras e tábuas em posição, fizemos nossa primeira tentativa. Mal sucedida. Todas as pedras que sofremos para trazer pelos 5km pareciam insuficientes. O motorista, Kevin e Tomás trabalhavam com ardor se sujando sem dó na lama para colocar as pedras embaixo dos pneus, enquanto João e Matheos já não tinham mais forças devido à caminhada de 10km na altitude.



Depois de quatro horas de muito suor e algumas mudanças de estratégia arrancamos o jipe daquela lama maldita e salvamos a nossa noite, que por pouco não terminou com todos dormindo dentro do carro no meio do deserto. Ironicamente ainda houve uma confissão do Tomás e do Kevin que admitiram ter adorado a experiência.


Após o aperto fomos correndo em busca de qualquer hospedagem que tivesse um chuveiro, quente ou frio. Foi então que depois de passarmos por diversos alojamentos lotados conseguimos camas e chuveiro quente, além de uma janta composta por batatas fritas e carne (provavelmente de lhama).
Após mais um rápido Ianov (interrompido pela queda de energia) fomos dormir, pois no dia seguinte sairíamos cedo novamente. O dia seguinte era muito esperado por todos antes mesmo de começar a viagem, porque só de observar as fotos já sabíamos da beleza do Salar de Uyuni. Ainda que não havia água sobre a espessa camada de sal a paisagem era maravilhosa, e dependendo de ângulo que olhasse o horizonte era transformado em oceano.






Chegando ao Salar paramos na Ilha do Pescado (mais 15bs para cada um), onde haviam cactos de até 1200 anos e 12 metros de altura. Aproveitamos também para tirar fotos “clássicas” do Salar de Uyuni.

















Muitas fotos depois, e com o passeio chegando ao fim, rumamos para a cidade de Uyuni onde compramos as passagens para La Paz. Como só haviam saídas noturnas, ficamos o resto do dia pela cidade, fazendo algumas compras e, claro, jogando Ianov. Desta vez jogamos um pouco mais sério, e o “prêmio” para quem perdesse era tomar um colher de um molho picante extremamente ruim e enjoativo. O Matheos não estava num bom dia e acabou sendo o mais derrotado da tarde, tomando duas colheres cheias do maldito molho, o qual acabou fazendo mais parte de sua viagem do que ele poderia imaginar.

Por volta das 20h pegamos o ônibus e não poderíamos imaginar que ele fosse tão ruim. Além de assentos desconfortáveis e que pouco reclinavam, a estrada era de terra e esburacada o tempo todo, fazendo o latão ir quicando a todo momento. Não demorou muito para que todo o molho ingerido pelo perdedor no Ianov fosse colocado pra fora, e este foi apenas o início de uma viagem longa e cansativa.

A viagem foi bastante desconfortável mas algumas cenas curiosas puderam ser percebidas por nós, como uma mãe boliviana que estava sentada ao nosso lado, juntamente com seus dois filhos e – acreditem! – dois cachorros no banco duplo e desconfortável daquele busão. Se para nós já era ruim imagina para os cinco que dividiam apenas dois bancos. Só mãe mesmo... na real que mãe é uma parada foda, independente da nacionalidade e das milhões que existem cada um acha que a sua é a melhor. Só sei que lembrei bastante da minha (Matheos) quando passei a primeira noite no deserto, no hostel que não possuía água, e encontrei em minha mala alguns lenços umedecidos do cocoricó que me ajudaram a não dormir imundo.

A chegada em La Paz e nossos passeios pela capital boliviana começarão a ser descritos amanhã, pelo Johnis, que o combinado foi dele fazer esse enquanto o Matheos e o Tomás ficássemos responsáveis por comentar sobre o passeio no deserto. Falando no juvenil do grupo, agora não mais tão juvenil que os outros, fica aqui nossos parabéns porque o dia de hoje, 22 de janeiro, foi importante na viagem também porque é a data em que nosso parceiro comemora seus 19 anos. Irrá, parabéns maluco! Tudo de bom aí e vê se melhora (no momento tá meio abatido pelo resfriado) pra continuar Causando na Sudamerica conosco!

Matheos e Tomás