Após um grande intervalo sem postagens vamos atualizar o blog, que esteve abandonado nesses últimos dias devido ao passeio pelos altiplanos bolivianos e Salar de Uyuni – locais que não têm acesso à internet. Como o tempo sem postagens foi grande demais e todos tinham muito o que falar, fizemos uma postagem conjunta, a qual trata dos últimos quatro dias com o máximo de detalhes e, claro, muitas fotos!
Para começar gostaríamos de nos contradizer em relação ao post "perrengue". Tudo o que foi ali comentado não chega nem perto de alguns verdadeiros perrengues que passamos nesses últimos dias. Agora sim sabemos o real significado dessa palavrinha. Tudo começou já na manhã do dia 17, quando acordamos bem cedo, fizemos um lanche rápido e solicitamos o serviço de translado do hostel para que nos levassem até a agência de onde sairia o passeio. Neste momento quem estava acordada era a esposa de Roberto (dono do hostel), e ela pegou o telefone da agência e nos garantiu que não precisariam nos levar até lá porque a agência nos buscaria no próprio hostel. O problema é que não havíamos comunicado à agência em que lugar estávamos hospedados, portanto só nos restou a opção que a mulher havia falado isso para eles. Como o tempo foi ficando curto e não chegava nenhuma van perguntamos para a moça com quem ela havia falado, e para nossa surpresa disse que com ninguém, mas que era garantido esse serviço. Bom, se dependêssemos dela teríamos perdido R$250,00 cada um, mas quando vimos o problema que nos esperava fomos correndo até o local, logo pela manhã, sonados e com o peso das mochilas. Além deste problema, precisaríamos passar em algum lugar para comprar água, pois a nossa que estava na geladeira desde o dia anterior foi roubada por algum outro hóspede do hostel e ficamos sem. Conseguimos comprar água, mas quase perdermos o ônibus que nos levaria até a fronteira do Chile com a Bolívia.
Fronteira:
Depois da polícia boliviana carimbar nossos passaportes, fomos encaminhados para o carro do guia Marco, onde passaríamos nossos próximos três dias. Além de nós e do guia boliviano, este com 1,60m sendo 10cm de topete, havia mais um irlandês gente boa que trabalhava voluntariamente no Peru e duas francesas frescas. Outra característica do guia era sua risada irônica que, apesar de divertida, parecia meio sacana.
A primeira parada ocorreu logo após a fronteira para tomarmos o
desayuno de frente para uma vista composta de uma lagoa verde, vulcões e flamingos.
Tudo muito lindo, até recebermos a notícia de que teríamos que pagar os não planejados 150 bolivianos (R$35) para a entrada no parque Eduardo Avaroa e mais uns bolivianos extras para banhos quentes e para entrar na Ilha do Pescado. Como tínhamos apenas 270bs no total, tivemos que fazer um empréstimo com o irlandês Kevin, que por sorte tinha uma grana extra.
Seguindo nosso caminho pelo meio do deserto paramos para ver os Geisers e também fizemos uma parada num poço de águas térmicas, onde fomos cozidos
al dente. Depois passamos por mais algumas lagoas cujos nomes envolviam variadas cores, porém todas elas eram bastante similares até chegarmos à grande lagoa colorada que tinha uma pigmentação extremamente avermelhada e super povoada por flamingos. Além disso, era possível avistar pelo caminho muitas alpacas, as quais proporcionaram cenas típicas de National Geographic.



Na primeira noite ficamos hospedados bem próximo desta lagoa, e apesar dos boatos sobre a comida de pedreiro, o rango impressionou e ficamos bem satisfeitos. As camas também não eram tão ruins como imaginávamos. O problema foi que não havia uma gota d água nas pias, no chuveiro ou nos vasos. Com o final da tarde livre, aproveitamos para aprender um jogo de cartas muito bom (Ianov) com o irlandês, enquanto o Matheos tentava combater os efeitos da altitude unidos uma gripe e saudades de sua cama. O jantar também não foi nada mal e por que não mais algumas partidas de Ianov para passar o tempo? Mais tarde, o Tomás ainda saiu na noite congelante para arriscar tirar fotos de um dos céus mais bonitos do planeta.

No dia seguinte saímos as 7h30 rumo às próximas atrações: Arbol de Piedra e a Lagoa Branca, onde o Tomás e o Matheos tiveram a brilhante idéia de chegar perto dos flamingos até notarem que estavam no meio de uma espécie de argila movediça, que deixou seus sapatos alguns quilos mais pesados.
Laguna Blanca
Paramos ainda em uma lagoa espelhada, que duplicava o efeito das belíssimas montanhas formando uma paisagem alucinante.
Trecho do caminho
Fizemos também uma parada na Floresta de Pedras, lugar muito exótico onde algumas pedras realmente pareciam esculturas de árvores.
Depois passamos por um vale que possuía um gramado semelhante a um campo de golfe, onde centenas de lhamas, alpacas e algumas ovelhas pastavam. Nada mais merecido do que o nome “Paraíso das lhamas”. Tiramos algumas fotos e seguimos nosso caminho para um vilarejo próximo. No caminho haviam muitas plantações de quínua e algumas casas de pedra que pareciam ter sido construídas há dois mil anos atrás.
Após a breve parada seguimos nossa corrida até o hotel de sal, onde pousaríamos em nossa segunda noite. Era necessário chegar cedo porque o hotel é bastante concorrido, e pela nossa previsão chegaríamos em boa hora.
Foi então que por volta das 15h, quando atravessávamos uma espécie de salar meio enlamado e escorregadio a 4x4 perdeu o controle e atolou.
Estávamos sem sinal de celular e a cerca de 5km da vila mais próxima, onde talvez conseguiríamos um carro para nos ajudar. Fomos então os três, junto com o motorista, andando até lá, enquanto Kevin foi obrigado a ficar com as francesas que não queriam ficar sozinhas de jeito nenhum, muito menos ir até a vila andando.
Quando o motorista e o Tomás chegaram à vila, que era mais como uma cidade fantasma, logo avistaram o único carro que havia na região. Porém nossas esperanças fraquejaram quando soubemos que o carro estava quebrado. Nossa melhor opção foi pegar um carrinho de mão capenga emprestado para levar pedras e umas tábuas até o jipe.
O sol já estava se pondo e os nossos pensamentos já estavam focados em como dormiríamos no meio daquele deserto. Depois de colocar as pedras e tábuas em posição, fizemos nossa primeira tentativa. Mal sucedida. Todas as pedras que sofremos para trazer pelos 5km pareciam insuficientes. O motorista, Kevin e Tomás trabalhavam com ardor se sujando sem dó na lama para colocar as pedras embaixo dos pneus, enquanto João e Matheos já não tinham mais forças devido à caminhada de 10km na altitude.
Depois de quatro horas de muito suor e algumas mudanças de estratégia arrancamos o jipe daquela lama maldita e salvamos a nossa noite, que por pouco não terminou com todos dormindo dentro do carro no meio do deserto. Ironicamente ainda houve uma confissão do Tomás e do Kevin que admitiram ter adorado a experiência.
Após o aperto fomos correndo em busca de qualquer hospedagem que tivesse um chuveiro, quente ou frio. Foi então que depois de passarmos por diversos alojamentos lotados conseguimos camas e chuveiro quente, além de uma janta composta por batatas fritas e carne (provavelmente de lhama).
Após mais um rápido Ianov (interrompido pela queda de energia) fomos dormir, pois no dia seguinte sairíamos cedo novamente. O dia seguinte era muito esperado por todos antes mesmo de começar a viagem, porque só de observar as fotos já sabíamos da beleza do Salar de Uyuni. Ainda que não havia água sobre a espessa camada de sal a paisagem era maravilhosa, e dependendo de ângulo que olhasse o horizonte era transformado em oceano.
Chegando ao Salar paramos na Ilha do Pescado (mais 15bs para cada um), onde haviam cactos de até 1200 anos e 12 metros de altura. Aproveitamos também para tirar fotos “clássicas” do Salar de Uyuni.
Muitas fotos depois, e com o passeio chegando ao fim, rumamos para a cidade de Uyuni onde compramos as passagens para La Paz. Como só haviam saídas noturnas, ficamos o resto do dia pela cidade, fazendo algumas compras e, claro, jogando Ianov. Desta vez jogamos um pouco mais sério, e o “prêmio” para quem perdesse era tomar um colher de um molho picante extremamente ruim e enjoativo. O Matheos não estava num bom dia e acabou sendo o mais derrotado da tarde, tomando duas colheres cheias do maldito molho, o qual acabou fazendo mais parte de sua viagem do que ele poderia imaginar.
Por volta das 20h pegamos o ônibus e não poderíamos imaginar que ele fosse tão ruim. Além de assentos desconfortáveis e que pouco reclinavam, a estrada era de terra e esburacada o tempo todo, fazendo o latão ir quicando a todo momento. Não demorou muito para que todo o molho ingerido pelo perdedor no Ianov fosse colocado pra fora, e este foi apenas o início de uma viagem longa e cansativa.
A viagem foi bastante desconfortável mas algumas cenas curiosas puderam ser percebidas por nós, como uma mãe boliviana que estava sentada ao nosso lado, juntamente com seus dois filhos e – acreditem! – dois cachorros no banco duplo e desconfortável daquele busão. Se para nós já era ruim imagina para os cinco que dividiam apenas dois bancos. Só mãe mesmo... na real que mãe é uma parada foda, independente da nacionalidade e das milhões que existem cada um acha que a sua é a melhor. Só sei que lembrei bastante da minha (Matheos) quando passei a primeira noite no deserto, no hostel que não possuía água, e encontrei em minha mala alguns lenços umedecidos do cocoricó que me ajudaram a não dormir imundo.
A chegada em La Paz e nossos passeios pela capital boliviana começarão a ser descritos amanhã, pelo Johnis, que o combinado foi dele fazer esse enquanto o Matheos e o Tomás ficássemos responsáveis por comentar sobre o passeio no deserto. Falando no juvenil do grupo, agora não mais tão juvenil que os outros, fica aqui nossos parabéns porque o dia de hoje, 22 de janeiro, foi importante na viagem também porque é a data em que nosso parceiro comemora seus 19 anos. Irrá, parabéns maluco! Tudo de bom aí e vê se melhora (no momento tá meio abatido pelo resfriado) pra continuar
Causando na Sudamerica conosco!
Matheos e Tomás